Os estudos de gênero nasceram no bojo dos estudos feministas e apontam que este depende de um caráter social das diferenças entre mulheres e homens. Então o debate se ampliou para a questão da sexualidade, no qual se pauta a não existência de algo “natural”. Em se tratando da ideologia de gênero, esta tem um poder de transformação social muito grande porque ao mostrar que as desigualdades não são naturais, afirma que elas podem ser revertidas.
O mais comum é ouvirmos falar do enfrentamento a violência contra as mulheres na vida adulta, tornando a discussão bastante adultocêntrica. Não chegamos nessa vida pessoas adultas e o fato é que antes mesmo do nascimento, o processo de construção social do gênero já está instalado. Basta considerar as expectativas sobre esse ser humano que vai vir, se é menino, se é menina, como vai ser… Ou seja, nem nascemos e já se tem um modelo de que corresponderá ao ser homem ou mulher. O problema é que ele se baseia em estereótipos. Já na primeira infância vamos dando essas regras para as crianças, punindo ou presenteando quão bem ou mal elas aderem aos modelos estereotipados que impedem que elas se desenvolvam plenamente.
Na vida das meninas isso é absurdamente danoso porque a sociedade patriarcal não só vai dar menos oportunidade a elas, como menos valor a tudo que elas produzem. E isso passa pelo controle do corpo e da sexualidade, com repercussão na vida adulta.
Ao pensar nos debates pela igualdade de gênero, deve-se lembrar que predominantemente os direitos almejados eram voltados ao sexo feminino, visto que, na sociedade, machista, que vivemos, o homem sempre foi juridicamente e socialmente capaz para praticar todos os atos da vida civil, diferente das mulheres.
Dito isto, para demonstrar a importância do debate de violência de gênero, é importante destacar direitos que eram banidos às mulheres anteriormente, para demonstrar historicamente os grandes feitos conquistados pelo público feminino em se tratando de luta pela igualdade. Como por exemplo, na década de 70, as mulheres eram proibidas de ter cartão de crédito. Durante muitos anos, bancos negavam cartões de créditos ou abertura de contas para mulheres que fossem solteiras ou divorciadas. Muitas vezes elas tinham que levar um homem junto para assinar o contrato. Outro exemplo é que, as mulheres não podiam trabalhar fora de casa, as mulheres casadas só podiam exercer trabalho remunerado caso o seu marido autorizasse, essa limitação foi estipulada em 1916, pelo código civil, sendo banida somente no ano de 1962. Não podiam fazer parte de um júri e tampouco da política e também não tinham direito de frequentar escola e universidade, sendo somente no ano de 1827 que surgiu a primeira lei sobre a educação de mulheres, que a partir dessa data conquistaram o direito de frequentar o ensino básico. Vale lembrar que foi apenas em 1979 que esse direito se estendeu também ao ensino superior, permitindo desse modo, que as mulheres juntamente com os homens pudessem frequentar uma universidade.